AI pode ajudar o mercado a ampliar acesso a seguros
Fonte: Carol Rodrigues. Cobertura.
Para presidente do Sindseg PR/MS, melhora da economia, uso da inteligência artificial e riscos decorrentes de desequilíbrios ambientais abrem porta para o mercado de seguros dar passos mais largos no aumento da população segurada
Economista por formação, Altevir Prado está no segundo mandato como presidente do Sindicato das Seguradoras do Paraná e Mato Grosso do Sul (Sindseg PR/MS) e tem acompanhado o desenvolvimento e desafios do mercado de seguros em todo o Brasil, para o qual projeta um crescimento de 11,7% em 2024.
Com uma visão otimista e também essencial do mercado de seguros, ele ressalta a que o setor ainda é subaproveitado no Brasil, embora 2023 tenha apresentado bons números.
“US$ 85 bilhões é a produção de seguros estimada no Brasil para fechar 2023, o que representa uma participação de 1,2% do PIB mundial. Se a economia brasileira participa com cerca de 2% a 2,5% no PIB mundial e o seguro está entre 1% e 1,2%, significa que o mercado de seguros está subaproveitado. Ainda temos um espaço muito grande para crescer em termos de seguros no País”, analisa Prado, sobre o setor que deve fechar os números de 2023 com 10,4% de crescimento, puxado pelos seguros condominiais, grandes riscos e garantia.
“A AI VEM COM MUITO IMPACTO NA ÁREA DE VENDAS. O CORRETOR VENDEDOR PODE SER IMPACTADO NEGATIVAMENTE, MAS O CORRETOR CONSULTOR NÃO. O VENDEDOR QUE JÁ VINHA PERDENDO ESPAÇO, AGORA TEM A TENDÊNCIA DE SOFRER SÉRIOS RISCOS COM A IA”
Brasil nas pautas globais
Ele cita o Fórum Econômico Mundial de Davos como um ditador de tendências e suas repercussões para o mercado de seguros com três pautas globais: a questão ambiental, a paz, tendo em vista os atuais conflitos, e o controle inflacionário e como será possível crescer.
Com a mudança do cenário econômico, o Brasil é um forte candidato a receber grandes fluxos de capital estrangeiro. “A inflação no Brasil voltou para a meta. O IGPM e IPCA estão controlados”, comenta ao destacar também a valorização do real, a queda no índice do desempenho e a melhora da renda do brasileiro.
Como pano de fundo também há a subida do Brasil no ranking de classificação de risco e o retorno da discussão do grau de investimento, perdido em 2015. Todo esse cenário delineia uma perspectiva de crescimento e desenvolvimento para o setor de seguros.
“Também temos uma pauta ambiental cada vez mais ressonante com as pautas mundiais. Outro ponto que chama muito a atenção é a inteligência artificial. Fica claro os setores que irão substituir a mão de obra por recursos de inteligência artificial e o setor de seguros e o segundo que mais utilizá-la”, comenta Prado, para quem é interessante que o mercado de seguros se prepare.
Desequilíbrios ambientais e o seguro
Segundo ele, o Brasil se reposicionou no mundo com a pauta ambiental. Isso vem repercutindo bem para a economia brasileira e para o mercado de seguros.
“Temos recursos naturais muito abundantes e uma responsabilidade ambiental no planeta muito grande. Se por um lado temos essa responsabilidade, o Brasil entrou na rota das catástrofes. É impressionante como os desequilíbrios ambientais têm pego o Brasil com maior envergadura e maior frequência. Isso entrou na nossa vida. No ano passado, tivemos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul catástrofes monumentais, que aconteciam com menor frequência”, comenta.
Como apenas entre 15% e 17% dos lares têm seguros há uma exposição baixa que faz com que quando ocorre uma catástrofe, em termos de sinistralidade, elas não cheguem a afetar a sinistralidade das seguradoras. Mas um dia isso vai ocorrer.
“Várias seguradoras nesses eventos têm se demonstrado à altura da grandeza que operam no mercado com atendimento rápido e eficiente para amenizar os impactos na região afetada. Já vi seguradora atender pessoas afetadas por essas catástrofes que não eram segurados dela. Não há dúvidas de que precisamos colocar mais gente no mercado de seguros para que quando essas catástrofes passarem a afetar a sinistralidade das seguradoras se tenha um colchão de prêmios mais robusto para suportar isso”.
Conforme Prado, nesse ponto a Inteligência Artificial (AI) pode colaborar positivamente. Parte da população brasileira não consome seguro devido à distribuição da renda. Mas uma parte grande não consome por falta de cultura. “A AI pode ajudar o mercado, seja no canal distributivo, que é o corretor, ou na seguradora, a aumentar de forma mais relevante a consciência necessária da proteção securitária”.
Tudo porque a AI aumenta a assertividade para se chegar ao público potencial de consumo. “A AI vai trazer mais inteligência estratégica para se chegar ao consumidor, que precisa consumir e tem recursos, mas não consome por falta de cultura. O cenário positivo econômico com a projeção do uso de inteligência artificial com os riscos que estão batendo à nossa porta, especialmente os decorrentes de desequilíbrios ambientais, abrem uma porta enorme para o mercado de seguros dar passos mais largos no aumento da massa segurada”.
Vale ressaltar que a Inteligência Artificial é um caminho sem volta e vai impactar na mão de obra humana. “A AI vem com muito impacto na área das vendas. O corretor vendedor pode ser impactado negativamente, mas o corretor consultor não. O vendedor que já vinha perdendo espaço, agora tem a tendência de sofrer sérios riscos com a IA”, observa o presidente do Sindseg PR/MS.
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